Recentemente
o desempenho da cotação do ouro tem chamado a atenção no mercado financeiro. A
reconhecida resistência deste metal precioso lhe confere a qualidade de reserva
valor, característica importante em períodos de aumento da incerteza global,
justamente o que vivemos atualmente. E quando a demanda aumenta, seu preço
acompanha. Na primeira metade do ano sua cotação já andou 9%, tendo acelerado
principalmente no último mês de junho. E nada indica que vá recuar.
A
pergunta que fica no ar então é: existe espaço para o ouro em uma carteira do
investidor em valor?
Em sua
carta anual aos acionistas de 2012, no momento em que que o ouro também
apresentava forte alta, Warren Buffett explicou porque não gostava da aplicação
em ouro. Seu argumento era de que preferia ativos reais, que gerassem renda por
si só ano após ano, ao invés de especular na valorização de um metal precioso
improdutivo.
Para o
Oráculo, investir em ouro é uma maneira de estar comprado em medo, o que pode
funcionar bem de tempos em tempos, desde que você aposte que as pessoas ficarão
mais assustadas nos próximos meses do que estão agora. Se o medo se dissipar,
você perde. O problema é que durante essa aposta, a mercadoria em si não irá
produzir nada para você.
“Se você juntasse todo o ouro do mundo, daria
mais ou menos um cubo do tamanho de um campo de futebol. Esse cubo valeria
cerca de US$ 7 trilhões - um terço do valor de todas as ações americanas. Você
poderia ter toda a terra agricultável nos EUA, sete Exxon Mobil (a empresa
norte-americana mais rentável à época) e mais um trilhão de dólares em caixa.
Pode me chamar de louco, mas eu preferiria ficar com a terra e as ações da
Exxon Mobil, a ficar olhando para um cubo de ouro o dia todo”.
A
carta termina dizendo que um marciano que pousasse na Terra, não iria entender
nada ao se deparar ao ver humanos escavando o ouro de dentro da terra,
derretendo-o, para então simplesmente depositá-lo em outro lugar e ainda pagar
a algumas pessoas para tomarem conta dele.
Comparando
os retornos ajustados pelo poder de compra, num espaço de tempo bem esticado - 200
anos, vemos que o ouro funciona muito bem em seu propósito de manter o poder de
compra, mas não como multiplicador de riqueza, a despeito de elevações pontuais
nos momentos de pânico. Por outro lado, as ações, mesmo com suas oscilações,
têm clara tendência de crescimento, justamente por sua natureza produtiva, de
geração de valor.
Por
sua característica de reserva de valor, o ouro tende a se apreciar nos momentos
de tensão ou forte incerteza nos mercados financeiros. Ou seja, pode valer a
pena ter ouro em sua carteira, desde que de forma estratégica na parcela
separada para o curto prazo, nos períodos de crise nos quais a maioria das
outras classes de ativos está sofrendo. Vale lembrar que para surfar esses
ganhos é preciso estar atento aos movimentos dos mercados, o que requer
habilidade e experiência, aliados a uma certa dose de sorte.
Compre
ouro se você quer ter um amortecedor nas crises. Você engorda seu caixa e
compra coisa boa quando elas estão baratas. No longo prazo esse amortecedor tem
um custo de carrego. Então compre ou não, mas não se esqueça de calibrar bem
essa fatia da sua alocação. No longo prazo, porém, o melhor veículo para criação
de riqueza são os ativos geradores de renda, especialmente empresas bem geridas
com vantagens competitivas importantes. A capacidade de manter o valor não é o mesmo que uma capacidade de criar valor
Excelente artigo! Prazer em te conhecer aquele dia! Abraço!
ResponderExcluirValeu, Nicholas! Abração!
ExcluirGostei do seu blog
ExcluirQ bom, fico feliz! Um abraço!
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