sábado, 13 de julho de 2019

Chegou a hora de investir em Ouro?


Recentemente o desempenho da cotação do ouro tem chamado a atenção no mercado financeiro. A reconhecida resistência deste metal precioso lhe confere a qualidade de reserva valor, característica importante em períodos de aumento da incerteza global, justamente o que vivemos atualmente. E quando a demanda aumenta, seu preço acompanha. Na primeira metade do ano sua cotação já andou 9%, tendo acelerado principalmente no último mês de junho. E nada indica que vá recuar.

A pergunta que fica no ar então é: existe espaço para o ouro em uma carteira do investidor em valor?

Em sua carta anual aos acionistas de 2012, no momento em que que o ouro também apresentava forte alta, Warren Buffett explicou porque não gostava da aplicação em ouro. Seu argumento era de que preferia ativos reais, que gerassem renda por si só ano após ano, ao invés de especular na valorização de um metal precioso improdutivo.

Para o Oráculo, investir em ouro é uma maneira de estar comprado em medo, o que pode funcionar bem de tempos em tempos, desde que você aposte que as pessoas ficarão mais assustadas nos próximos meses do que estão agora. Se o medo se dissipar, você perde. O problema é que durante essa aposta, a mercadoria em si não irá produzir nada para você.


 “Se você juntasse todo o ouro do mundo, daria mais ou menos um cubo do tamanho de um campo de futebol. Esse cubo valeria cerca de US$ 7 trilhões - um terço do valor de todas as ações americanas. Você poderia ter toda a terra agricultável nos EUA, sete Exxon Mobil (a empresa norte-americana mais rentável à época) e mais um trilhão de dólares em caixa. Pode me chamar de louco, mas eu preferiria ficar com a terra e as ações da Exxon Mobil, a ficar olhando para um cubo de ouro o dia todo”.

A carta termina dizendo que um marciano que pousasse na Terra, não iria entender nada ao se deparar ao ver humanos escavando o ouro de dentro da terra, derretendo-o, para então simplesmente depositá-lo em outro lugar e ainda pagar a algumas pessoas para tomarem conta dele.

Comparando os retornos ajustados pelo poder de compra, num espaço de tempo bem esticado - 200 anos, vemos que o ouro funciona muito bem em seu propósito de manter o poder de compra, mas não como multiplicador de riqueza, a despeito de elevações pontuais nos momentos de pânico. Por outro lado, as ações, mesmo com suas oscilações, têm clara tendência de crescimento, justamente por sua natureza produtiva, de geração de valor.


Por sua característica de reserva de valor, o ouro tende a se apreciar nos momentos de tensão ou forte incerteza nos mercados financeiros. Ou seja, pode valer a pena ter ouro em sua carteira, desde que de forma estratégica na parcela separada para o curto prazo, nos períodos de crise nos quais a maioria das outras classes de ativos está sofrendo. Vale lembrar que para surfar esses ganhos é preciso estar atento aos movimentos dos mercados, o que requer habilidade e experiência, aliados a uma certa dose de sorte.

Compre ouro se você quer ter um amortecedor nas crises. Você engorda seu caixa e compra coisa boa quando elas estão baratas. No longo prazo esse amortecedor tem um custo de carrego. Então compre ou não, mas não se esqueça de calibrar bem essa fatia da sua alocação. No longo prazo, porém, o melhor veículo para criação de riqueza são os ativos geradores de renda, especialmente empresas bem geridas com vantagens competitivas importantes. A capacidade de manter o valor não é o mesmo que uma capacidade de criar valor



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