E finalmente sobrevivemos todos aos
turbulentos meses eleitorais locais! O momento é de botar a casa em ordem e
olhar para os anos a seguir. Depois do país passar pela maior crise econômica dos
últimos cem anos, é chegada a hora do novo governo eleito fazer o dever de casa
nos campos fiscal e tributário. A única certeza é de que teremos um País
diferente do existente até alguns anos atrás. Na medida em que o ambiente de
negócios volte a aquecer, juros de longo prazo convirjam para níveis praticados
em outros países em desenvolvimento, os ativos brasileiros devem ser
reprecificados.
Este cenário é otimista? Talvez. Mas
então o que de fato está em suas mãos para obter sucesso em seus investimentos
nos próximos anos?
O que você não pode fazer?
Em primeiro lugar, investidores
bem-sucedidos costumam ter uma clareza do que não está ao seu alcance. Esse
exercício não agrada à maioria, mas ancora expectativas de forma realista.
Eventualmente passa por não estar alocado mesma aplicação dos outros
investidores, pensando de forma independente em relação ao resto do
mercado. Afinal, o objetivo central é
gerar patrimônio sólido de longo prazo, sem falsas esperanças de enriquecimento
instantâneo.
Vamos começar pela parte espinhosa:
embora desejado (e até prometido por alguns), não se pode prever o futuro. Em
qualquer atividade que envolva incerteza, existem mais cenários possíveis do
que aqueles de fato se materializarão. Entender o que não se pode prever
possibilita uma grande vantagem para se preparar melhor do que os outros,
mirando em resultados futuros sem incorrer em riscos desnecessariamente altos.
Já aqueles que têm falsas certezas, acabarão por negligenciar cuidados cruciais
no projeto de formação de patrimônio do investidor, determinantes para a
sobrevivência de quem investe.
O escritor Mark Twain disse certa
vez: “Não é o que você não sabe que te
traz problemas. É o que você sabe com certeza e está errado”. Evite a todo
custo a impressão de que se pode prever com precisão como os mercados
financeiros caminharão nos próximos dias ou semanas. A partir daí, derivam
algumas tarefas que não podemos realizar:
•
Acertar como as ações irão se movimentar nos
pregões dos próximos dias;
•
Quando os mercados acertarão os pontos de
mínima/máxima e quanto vão subir/cair deste ponto de inflexão até o próximo;
•
Qual segmento do mercado performará melhor no
próximo mês;
•
Qual ação específica terá o melhor desempenho no
ano.
Se essa combinação de certezas
fosse possível, seria muito mais fácil ganhar dinheiro. Bastaria concentrar
todo seu patrimônio naquela única ação que teria a melhor performance no ano,
justamente quando ela estivesse no seu ponto mínimo, e esperar pelos lucros
tomando um champanhe em sua casa de praia em Angra. Se a confiança estivesse no
seu ponto máximo, você poderia, inclusive, usar empréstimos para alavancar seus
ganhos. Ao retornar, você ainda venderia essa ação exatamente no seu ponto
máximo. A realidade dos fatos, no entanto, nos mostra que a gigante da maioria
dos investidores que agem dessa forma simplesmente quebra em algum momento.
Afinal, o que você pode fazer?
Mas se você não pode prever o
futuro, o que então pode fazer por seus investimentos? Muita coisa, na verdade.
Entender tais restrições permite focar no que de fato traz valor. Entre as
principais áreas que podem de fato fazer a diferença na vida das pessoas, vale
destacar:
•
Encontrar as assimetrias mais positivas entre
risco e retorno. Apesar de não ser possível saber exatamente qual cenário vai
de fato se desenrolar, uma análise bem-feita pode entender a fundo os ativos
financeiros, de modo a ponderar sua qualidade e seu risco associado. “Cara eu
ganho muito, coroa eu perco pouco”, diria Mohnish Pabrai;
•
Definir alocações entre renda variável e renda fixa que te deixem confortável com os riscos de diversas naturezas. ;
•
Controlar emoções e fortalecer convicções.
Investidores de sucesso precisam ter serenidade nos momentos de extremos dos
mercados para não cometer erros impulsionados pela emoção: comprar no topo pela
ganância e vender no fundo pelo medo. Volatilidade é um movimento natural nos
mercados. Entender isso é transformar o comportamento “irracional” dos outros
em uma vantagem ao ter a convicção de se associar a companhias sólidas baratas;
•
Pensar de forma independente e contra-cíclica. Investidores,
em sua maioria, têm a tendência de projetar os mercados sempre como um espelho
do passado recente. Primeiro por não quererem ficar muito distantes de seus
pares, e, segundo, porque na maioria do tempo os mercados andam, de fato, em
passos curtos, mantendo a tendência atual. No entanto, as oportunidades de
ganhar dinheiro ou de se proteger de perdas vêm de enxergar mudanças de ciclos.
Você não pode prever o futuro
imediato, mas mesmo assim pode sim construir patrimônio nos próximos anos. Um
investidor ciente das restrições impostas pela incerteza dos mercados sabe onde
deve estar seu foco. Isso certamente o deixará alguns passos à frente da
maioria do mercado. Devemos ir em busca das melhores assimetrias entre risco e
retorno, dentro de uma alocação razoavelmente diversificada que vise a
preservação do seu patrimônio no longo prazo. Os resultados ao longo dos
próximos anos podem te surpreender.
Siga no Twitter e Facebook
Siga no Twitter e Facebook
Excelentes considerações! Parabéns pelo blog
ResponderExcluir