"O crescimento rápido pode ser uma
boa ou uma má notícia. Depende de quanto capital você tem que investir para
gerar esse crescimento" - Terry Smith
Escolas
de negócios costumam ensinar em seus cursos Finanças e Estratégia como matérias
distintas. Na prática, o investidor deve enxergá-las como duas metades da mesma
laranja. A estratégia e a contabilidade gerencial de uma companhia devem andar
em compasso para criar valor ao acionista. O foco exclusivo em crescimento da
empresa pode levar a investimentos destrutivos. No fim do dia, o que gera valor
ao acionista é fluxo de caixa livre futuro da companhia (considerando os
investimentos), reflexo das boas decisões de alocação dos seus recursos.
Uma ótima métrica para acompanhar a qualidade de um negócio é o ROIC, o percentual de lucro operacional considerando o capital investido nesta operação. Empresas com retornos consistentes acima do custo desse capital são de fato as que geram valor. Portanto, faz parte do dever de casa do investidor vislumbrar a sustentabilidade desse ROIC ao longo do tempo, seja em cenários onde a companhia adote uma estratégia de crescimento de suas operações, ou no caso de ela permanecer no tamanho atual e distribuir a maior parte de seus lucros aos acionistas.
Tipo 1: Alto ROIC, Alto ROIIC,
negócios com baixa necessidade de capital
Negócios
que não requerem muito capital investido para apresentar resultados
operacionais crescentes, podem distribuir parte substancial dos lucros aos
acionistas. Em alguns casos raros, é razoável que essa empresa empregue o
dinheiro acumulado para aquisições. Esses casos devem ser raros porque os
negócios de uma empresa já são excepcionais, e, portanto, deve ser difícil
encontrar potenciais aquisições que não destruam valor para os acionistas.
Multiplus é um bom exemplo de empresas do tipo 1.
Tipo 2: Alto ROIC, Alto ROIIC,
negócios intensivos em capital
A
diferença entre as empresas do tipo 1 e do tipo 2 é que as do tipo 2 precisam
continuar investindo em seus negócios para crescer. Ainda assim esse tipo de
negócio é um dos melhores, pois a companhia continua obtendo altas
taxas de lucratividade em um negócio com crescimento. Nesse caso os acionistas
devem esperar baixos dividendos no curto prazo, já que a maior parte do lucro está direcionada para os novos investimentos. Raia Drogasil, empresa bem-sucedida
no setor farmacêutico, figuraria bem na lista de empresas do tipo 2.
Tipo 3: Alto ROIC, baixo ROIIC
Empresas
do tipo 3 já tiveram sua fase de crescimento no passado, mas não tem a
capacidade de reinvestir capital no negócio com altas taxas de retorno. Isso
não significa que o negócio seja ruim. Pelo contrário, suas operações atuais
são altamente lucrativas, mas sem muito potencial de crescimento. São
conhecidas no mercado financeiro como "vacas leiteiras", pois
costumam distribuir quase todos seus lucros para os acionistas. O crescimento
potencial para essas empresas pode se dar somente através de aquisições.
Empresas eficientes de utilidade pública como o de saneamento ou elétrico são
bons exemplos deste tipo de negócio.
Tipo 4: Baixo ROIC, Alto ROIIC
Os
negócios do tipo 4 geralmente são representados por empresas pequenas que não
têm histórico rico em operações altamente rentáveis, mas entram em uma fase de
rápido crescimento. E, claro, essas empresas devem reinvestir todos os seus
pequenos lucros de volta para o negócio. A pequenas Senior Solution, que vem em
sua jornada de consolidação do setor de softwares, é um bom exemplo de negócios
do tipo 4.
Tipo 5: Baixo ROIC, Baixo
ROIIC
Este
é o pior tipo de negócio que, mesmo com baixa rentabilidade, ironicamente, requer muitos investimentos para se
manter vivo. As empresas desse tipo podem ser encontradas em indústrias cíclicas
altamente competitivas, como as construtoras.
ROIC, ROIIC e seus investimentos
Métricas
financeiras como o ROIC e ROIIC são importantes para avaliar a qualidade de um
negócio. Elas devem, contudo, estar alinhadas com a melhor estratégia na
alocação de recursos, seja no investimento em crescimento ou na distribuição
dos lucros ao acionista. Empresas do tipo 1 e 2 geralmente são negociadas em
múltiplos altos. A Magic Formula é exatamente baseada na ideia de encontrar
ações do tipo 1 e 2 a preços razoáveis (mas pode encontrar ações do tipo 3, já
que não leva em conta o ROIIC). Em casos raros, o mercado apresentará ações de
tipo 1 ou 2 a preços atrativos, com alguma margem de segurança. Neste caso,
recomendamos agir de forma decisiva ao investir.
Parabéns André, excelente post, bem explicativo.
ResponderExcluirAbraços e fica com Deus.
Obrigado! abç.
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ResponderExcluirMuito bom isso, parabéns! Me deixou atento para tentar analisar em qual contexto atual a empresa em vista está,somando a esses dados o quanto ela anda distribuindo. Show de bola!
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