domingo, 18 de fevereiro de 2018

O curioso caso de Mari e Ed



Uma dúvida tão comum quanto fundamental entre os investidores: Como reagir corretamente a todas as informações que surgem diariamente no mercado de ações? Para ajudar nessa questão, o conto da menina Mari e seu cachorro Ed se encaixa como uma luva.

Todo dia, ao fim da tarde, Mari chegava em casa e levava seu cão Ed para dar uma volta no quarteirão. Ao longo do passeio, o cachorrinho, com a energia acumulada durante o dia, corria num zig-zag louco, latindo democraticamente para absolutamente todos que aparecessem em sua frente. Tudo, claro, sob o domínio da coleira de sua dona.


Observando a cena, ninguém conseguiria prever o próximo passo de Ed. Seus movimentos eram totalmente imprevisíveis. Por outro lado, um vizinho mais atento poderia tranquilamente afirmar que após cerca de vinte minutos ele completaria sua volta no quarteirão, passando pelo parque, faria suas necessidades no poste, e retornaria para a casa de sua dona. Porque é o trajeto pelo qual Mari o conduzia regularmente.

O surpreendente é que, transportando para o mercado financeiro, quase todos os investidores parecem estar de olho no cão, tentando antecipar seu próximo movimento, ao invés de focar na proprietária do pequeno animal de estimação.

O conto foi originalmente contado pelo investidor americano Ralph Wanger, adaptado de acordo com a minha memória, mas a ideia certamente foi preservada. A grande maioria dos investidores em bolsa aplica seu tempo e energia em aspectos sobre os quais não tem qualquer gestão ou sequer poder de previsão.


Foco é fundamental

O foco do investidor inteligente deve estar no que realmente tem impacto real, para o bem e para o mal, na geração de valor das empresas investidas nos próximos três a cinco anos a seguir. Não no que vai afetar o humor dos mercados internacionais nas próximas horas ou dias. Separe o ruído do sinal.

É lógico que os casos surreais de corrupção aos quais temos conhecimento. A volatilidade das eleições presidenciais e dos juros americanos também impressionam. Mas note: ao invés de perder o sono com essa confusão você deve focar em dois pontos: (1) o País está avançando em reformas que gerem um ambiente mais propenso aos negócios locais? (2) as empresas nas quais você está investindo serão capazes de manter seus retornos sobre o capital investido nos próximos anos?

Em primeiro lugar, acreditar que o Brasil e o mundo caminham lentamente para frente, apesar das notícias negativas que pipocam diariamente, é o que nos move na direção da convicção de geração de renda futura em detrimento a eventuais gratificações no presente. Más notícias dão boas manchetes, transformações graduais sustentáveis, não.

Já sobre a análise das empresas, faça seu dever de casa para encontrar empresas com grandes vantagens competitivas sobre seus concorrentes, com margens consistentes e altos retornos sobre o capital investido, negociadas com desconto no mercado. Não há garantias, mas uma empresa com estas características tem maior probabilidade de permanecer como bom investimento nos anos seguintes.

Gaste menos tempo procurando acertar o próximo movimento do mercado e olhe para o que realmente interessa: a saúde financeira e a rentabilidade das empresas. Tão simples quanto isso. As oportunidades sempre emergirão para o investidor paciente, com senso real de oportunidade e visão de longo-prazo.



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