Uma dúvida tão comum quanto fundamental entre os investidores: Como reagir corretamente a
todas as informações que surgem diariamente no mercado de ações? Para ajudar nessa questão, o conto da menina Mari e seu cachorro Ed se encaixa como uma luva.
Todo dia, ao fim da tarde, Mari chegava em casa e levava
seu cão Ed para dar uma volta no quarteirão. Ao longo do passeio, o
cachorrinho, com a energia acumulada durante o dia, corria num zig-zag louco,
latindo democraticamente para absolutamente todos que aparecessem em sua
frente. Tudo, claro, sob o domínio da coleira de sua dona.
Observando a cena, ninguém conseguiria prever o próximo
passo de Ed. Seus movimentos eram totalmente imprevisíveis. Por outro lado, um
vizinho mais atento poderia tranquilamente afirmar que após cerca de vinte
minutos ele completaria sua volta no quarteirão, passando pelo parque, faria
suas necessidades no poste, e retornaria para a casa de sua dona. Porque é o
trajeto pelo qual Mari o conduzia regularmente.
O surpreendente é que, transportando para o mercado
financeiro, quase todos os investidores parecem estar de olho no cão, tentando
antecipar seu próximo movimento, ao invés de focar na proprietária do pequeno
animal de estimação.
O conto foi originalmente contado pelo investidor americano
Ralph Wanger, adaptado de acordo com a minha memória, mas a ideia
certamente foi preservada. A grande maioria dos investidores em bolsa
aplica seu tempo e energia em aspectos sobre os quais não tem qualquer
gestão ou sequer poder de previsão.
Foco é fundamental
O foco do investidor inteligente deve estar no que realmente
tem impacto real, para o bem e para o mal, na geração de valor das empresas
investidas nos próximos três a cinco anos a seguir. Não no que vai afetar o
humor dos mercados internacionais nas próximas horas ou dias. Separe o ruído do
sinal.
É lógico que os casos surreais de corrupção aos quais temos conhecimento. A volatilidade das eleições presidenciais e dos juros americanos também impressionam. Mas note: ao invés de perder
o sono com essa confusão você deve focar em dois pontos:
(1) o País está avançando em reformas que gerem um ambiente mais
propenso aos negócios locais? (2) as empresas nas quais você está investindo
serão capazes de manter seus retornos sobre o capital investido nos próximos
anos?
Em primeiro lugar, acreditar que o Brasil e o mundo
caminham lentamente para frente, apesar das notícias negativas que pipocam
diariamente, é o que nos move na direção da convicção de geração de renda
futura em detrimento a eventuais gratificações no presente. Más notícias dão boas
manchetes, transformações graduais sustentáveis, não.
Já sobre a análise das empresas, faça seu dever de casa
para encontrar empresas com grandes vantagens competitivas sobre seus
concorrentes, com margens consistentes e altos
retornos sobre o capital investido, negociadas com desconto no mercado. Não há
garantias, mas uma empresa com estas características tem maior
probabilidade de permanecer como bom investimento nos anos seguintes.
Gaste menos tempo procurando acertar o próximo
movimento do mercado e olhe para o que realmente interessa: a saúde financeira
e a rentabilidade das empresas. Tão simples quanto isso. As oportunidades
sempre emergirão para o investidor paciente, com senso real de
oportunidade e visão de longo-prazo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário