domingo, 27 de agosto de 2017

Afinal, o que é o longo prazo?

Invista como casamentos católicos: para a vida inteira. – Warren Buffett


O título deste texto é um tema que, embora recorrente no mundo dos investimentos, é muito pouco compreendido na minha opinião. Embora a maioria dos investidores encha a boca para citar Buffett ou outros grandes nomes, afirmando-se investidores de longo prazo, existe uma grande área cinzenta sobre o que seria de fato esse tal “longo prazo”.



Para responder essa questão espinhosa, vamos usar a estratégia da via inversa, ou seja, vamos definir o que NÃO é longo prazo. Antes de mais nada, ele não é uma regra de bolo. Muito se discute em termos de anos. Alguns dizem dez anos, outros cinco, e outros gostam de dizer que como estamos no Brasil, bem..., acima de doze meses já poderíamos tratar como longo prazo. Esse pensamento, muito usual e com algum ar de ciência, pode levar a conclusões prejudiciais nos processos de investimento.

A ideia do longo prazo é justamente não ter um limite temporal. O investidor, seja ele um profissional ou um pequeno investidor, nesse caso, deveria enxergar a bolsa de valores não como um fim em si, onde se ganha e se perde antecipando movimentos do mercado. As grandes fortunas são justamente construídas quando se usa a Bolsa simplesmente como um instrumento para entrar em contato com projetos sólidos, lucrativos, formado por pessoas competentes e honestas, e barreiras à entrada de potenciais concorrentes.

Portanto, a mentalidade de um investidor de longo prazo assemelha-se a de um empresário ou a de um empreendedor. Você acumula patrimônio sendo sócio em empreendimentos com lucros recorrentes e crescentes ao longo do tempo. Note que enquanto a empresa permanece gerando caixa sobre seu capital investido, não há muitos motivos para que você desfaça essa sociedade, concorda? Ou imagine o que teria acontecido se o trio comandado por Jorge Paulo Lemann tivesse vendido suas ações da Brahma, comprada em 1989 após uma alta de algumas dezenas percentuais?

Claro, existem momentos de vender a sua participação: quando aparece um comprador eufórico disposto a pagar MUITO acima de suas expectativas de rentabilidade, ou quando, por algum motivo, a companhia perde sua característica estrutural que lhe garantia retornos excepcioinais. Esses momentos, no entanto, são muito mais raros do que a insanidade dos mercados financeiros faz parecer.

Portanto, meus amigos, o longo prazo não é uma medida de tempo, mas uma filosofia de investimento. Como diria Charlie Munger, você não ganha dinheiro comprando e vendendo, mas sentando e esperando. Casamentos católicos são feitos para durar para sempre. Sabemos que nem sempre isso acontece, por isso é importante um constante e diligente monitoramento de seus fundamentos, sem, contudo, a necessidade de atividade constante.

Não se engane, o buy and hold (comprar e segurar uma posição) não é simples. Não confunda com o buy and forget (comprar e esquecer). Como diria Pascal, a maioria dos problemas dos homens vem da sua incapacidade de sentar em uma sala vazia e não fazer nada - somente pensar. É fundamental que você tenha o perfil correto, pois não é tarefa fácil. O investidor de longo prazo simplesmente não tem um horizonte pré-determinado para a venda, pois não é desse movimento que ele tira o seu ganho. Mas sim tornando-se sócio de grandes negócios e de seus ganhos exponenciais ao longo do tempo.


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