NÃO saiba aqui onde investir em 2017

2016 está chegando ao fim, e com ele tem início a tradicional temporada anual de matérias (como esta aqui)  sobre o desempenho dos diversos tipos de investimento. Para poupar nosso tempo – ações de estatais e as ligadas às commodities foram o lugar para estar no último ano.

À medida que você lê estas matérias, é provável começar a sensação de desconforto por não ter investido exclusivamente nos ativos vencedores dos últimos doze meses. Esta visão míope de um único período anual perde completamente a perspectiva do investimento de longo prazo, e é a razão pela qual a maioria das pessoas falha ao implementar uma estratégia de alocação de portfólio.

Ler as explicações sobre os ativos que mais renderam no ano pode dar a sensação de que estes movimentos eram óbvios a priori. Portanto, seguindo esse raciocínio, se era possível antever os campeões de 2016, é igualmente factível que alguém com bom senso e dedicado consiga encontrar o mapa da mina para 2017. O perigo dessa estratégia é que, para quem acredita nessa possibilidade, não faz sentido desperdiçar recursos com diversificação "desnecessária".

Apesar de ser muito comum, este pensamento é muito perigoso, pois pode levar a estresse e a potenciais perdas. Primeiro porque raramente o que vinha sendo previsto pelos “especialistas” de fato se concretiza.  E segundo que essa falsa sensação confortável de saber de antemão para onde irá andar o mercado, além de levar o investidor a perseguir os tipos errados de investimentos, faz com que ele esteja mais concentrado do que o princípio da prudência recomenda.

O conceito de gestão de risco, quase um clichê no mercado financeiro, costuma sobreviver somente até o momento em que os resultados de desempenho anuais são atualizados. É quando a insanidade da perseguição por desempenho e se inicia a busca pelos setores ou ativos que irão bombar no próximo ano.

 

Não procure a onda perfeita

 

Todos os anos uma leva de investidores crédulos caem na armadilha de assumir que serão capazes de escolher as classes de ativos que terão o melhor desempenho. Ou pior, acreditam que alguém fará esse trabalho por eles e entregará de bandeija numa revista ou site especializado.

Não caia na armadilha de procurar a onda perfeita no mercado financeiro. No ganho real de longo prazo - leia-se acumulação de patrimônio, mais importante do que acertar uma jogada genial é evitar os grandes erros causados justamente na tentativa de se acertar essa jogada genial para contar para o cunhado na festa de fim de ano. Assim, trace um plano de investimento com algum grau de diversificação, e não se sinta envergonhado se sua carteira de ações não conseguir empatar com as estratégias de melhor desempenho daquele ano.

As três palavras mais importantes

 

Pode ser frustrante, e certamente não é o que as pessoas gostariam de ler, mas a verdade é que as melhores estratégias de investimento a longo prazo quase nunca serão as melhores no espaço de um ano. Elas costumam se destacar da multidão em períodos muito mais longos. A alocação de ativos é para pessoas pacientes, diria Rick Ferri, investidor e escritor.

Peter Lynch disse certa vez: "Para ganhar dinheiro, ou você encontra algo que ninguém mais sabe, ou faz o que os outros não irão fazer por não ter a mentalidade adequada." Investir com êxito, a despeito dos campeões do ano ficarem com os louros momentâneos, significa estar preparado para se sentir desconfortável em alguns momentos, com desempenhos sub-ótimos no curto prazo. Os retornos extraordinários de longo prazo exigem uma disciplina extraordinária ao plano de alocação de ativos.

As três palavras mais importantes no mundo dos investimentos: "eu não sei". Você não tem a obrigação de "saber" o que irá acontecer com o Ibovespa e na macroeconomia em 2017. Se livrar dessas falsas certezas poderá ser de grande importância para você.

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