O tema de hoje pode ter diversas
respostas, dependendo da escola que o autor mais simpatiza. Mesmo dentro da
linha fundamentalista, a maioria dos livros de value investing tem algumas
respostas clássicas, que embora corretas, o autor que aqui vos fala, as julga
incompletas. Vamos a elas:
1. Quando
surgir uma oportunidade melhor de compra: a escola do value investing
tradicional diz que caso apareça uma oportunidade mais flagrante de preço
abaixo do valor da ação do que a ação que o investidor tem em sua carteira, o
mais indicado é vender a ação antiga e comprar a nova.
2. Quando
a história por trás daquela ação mudar de curso para pior. Acontece bastante.
Ao longo do tempo, empresas que antes eram excelentes perdem o rumo, seja por
mudança do corpo técnico, seja por mudanças regulatórias, ou mesmo devido a uma
inovação que alterou o mercado onde ela atua. Nesses casos, o melhor a se fazer
é vender, independente do preço em queda e partir para a próxima.
Fazem sentido, não? E realmente estão
corretas. Porém, a melhor resposta, vem do grande investidor e autor do
bestseller Common Stocks, Uncommon Profits (de 1958), que inverte a questão:
quando não vender uma ação?
“Se
o trabalho foi feito corretamente no momento da compra da ação, a hora certa de
vender é nunca.”
Fisher consegue em uma única frase
resumir sua filosofia de investimento. Seu maior trabalho é encontrar ótimas
empresas, negociadas a preços atraentes. Por isso mesmo, vale a pena investir
um tempo estudando as características daquela empresa, seus pontos fortes e
fracos, o mercado onde ela atua, e principalmente, qual seu potencial de
crescimento. Por fim, analise se o preço está atraente para a compra.
A partir daí a história nos ensina que
os investidores mais bem-sucedidos foram aqueles que tiveram paciência, dando
tempo suficiente para que as empresas atingissem todo seu potencial, a despeito
dos movimentos de altas e baixas nos preços de suas ações.
Pense bem: qual a melhor forma de ganhar
dinheiro de forma consistente: acertando a direção das ações nas horas
seguintes ou se tornando sócio em empresas bem geridas e lucrativas?
Ou seja, retornos extraordinários no
longo prazo seguem uma disciplina extraordinária em manter suas posições anos a
fio. É tentador vender ao longo do caminho, mas o sucesso nos investimentos vem
daquelas ações que você mantem em seu portfolio por anos ou mesmo décadas.
O trabalho não termina na compra
Desenvolver a convicção de não vender
uma ação é algo que se aprende com o tempo. Muitos investidores analisam as
ações que tiveram grandes desempenhos e pensam: "Se eu soubesse sobre essa
empresa teria comprado aos baldes desde o início". Mas será que realmente
teriam a convicção de mantê-las durante todo o período (certamente passaram por
diversas quedas durante a trajetória ascendente)?
Portanto, só se dê ao trabalho de
encontrar ótimas empresas se posteriormente for desenvolver a convicção de segurá-las no longo prazo.
A maior parte do seu dever de casa está
no momento da decisão de compra, mas certamente não acaba aí. A análise na
sequência da decisão de compra é ainda mais importante pois será ela a
responsável por desenvolver a convicção para manter suas posições nos momentos
ruins do mercado, quando outros investidores estão vendendo, ou analistas de bancos e corretoras recomendam ficar longe da ação.
Muitos investidores gastam todo o seu
tempo tentando encontrar grandes empresas apenas para vendê-las depois de
ganhos rápidos porém insignificantes, ou assim que aparece o primeiro problema com a empresa. Se a administração está executando uma
boa gestão e o racional não mudou, a história tem mostrado através de muitos
investidores de sucesso que vale a pena esperar pelo poder dos retornos
compostos. Sua ação poderá lhe surpreender com ganhos de 10, 20 ou 30 vezes o
valor investido em alguns anos.
Encontre grandes empresas, desenvolva a
convicção de mantê-las. Não parece muito complicado, concorda? Quando você
estiver pronto para ser criticado por suas convicções, estará pronto para
ganhar dinheiro com ações.
Seja um vendedor relutante
Claro, às vezes você vai ser
surpreendido com uma perda desagradável em alguma empresa. Mas é por isso que
você possui uma carteira de ações. Investir em ações é interessante justamente
porque não é necessário acertar em todas, sequer na maioria - o ganho de uma
única ação pode ser suficiente para trazer seus investimentos para o campo
positivo. Deixar passar esse upside por medo de perder é como gastar uma grana
em um carro, mas nunca tirá-lo da garagem.
Então respondendo à pergunta que
originou esse texto, se se você tiver feito bem a sua pesquisa e comprou uma
ação após um estudo cuidadoso, siga o conselho de
Phil Fisher e pense muito antes de se desfazer de suas participações em boas empresas.
Agora, caso ainda não tenha se convencido, talvez queira escutar uma segunda opinião de um investidor com um histórico razoável no mercado de ações:
Agora, caso ainda não tenha se convencido, talvez queira escutar uma segunda opinião de um investidor com um histórico razoável no mercado de ações:
"Nosso período favorito com uma
ação é para sempre". Warren Buffett
Porra muito bacana teu post André! Sou fã de Fisher!! Ele frisa também em escolher empresas que tenham um bom departamento de P&D... enfim. Me deixa no comentário uma sugestão de livro fundamentalista, eu te indico esse http://www.saraiva.com.br/acoes-comuns-lucros-extraordinarios-1-edicao-4282309.html abraço!
ResponderExcluirValeu, pobrevirtu! Phil Fisher é um craque, e a dica foi excelente.
ResponderExcluirforte abraço!