Uma das grandes vantagens da formula
mágica criada por Joel Greenblatt, que vem batendo o mercado há décadas, é o
fato de conseguir através de sua simplicidade comparar empresas de diversos
setores da economia com todas suas particularidades, em um único ranking.
Através das ferramentas ROIC e EV/EBIT, separamos da multidão empresas com
vantagens competitivas que porventura estão descontadas na Bolsa.
A exceção fica somente para empresas
de concessão pública (como distribuidoras de energia e de gás) e instituições
financeiras (bancos e seguradoras).
O objetivo desse post não é fazer
qualquer juízo de valor dos setores em questão, mas entender as peculiaridades
desses dois setores em relação aos outros. Afinal, por que algumas boas
empresas brasileiras como Coelce, Cemig, Itaú, Porto Seguro, entre outras, não
constam em nosso ranking das barganhas da bolsa?
Setor Financeiro
Aqui a explicação é um pouco mais
técnica, mas podemos descomplicar. O instrumental de trabalho das instituições
financeiras é (surpresa!)... dinheiro. A consequência dessa constatação óbvia é
que seus balanços ficam distorcidos frente aos outros setores na relação capital
de terceiros (muito grande) x capital próprio, além de apresentar um capital
investido gigante. Ou seja, nossos indicadores de preço (EV/EBIT) e qualidade (ROIC)
ficam incomparáveis.
Por outro lado, o EBIT (lucro operacional) fica distorcido, pois sua conta exclui os ganhos financeiros, que é, obviamente, de onde vem o grosso dos ganhos nesse setor.
Por outro lado, o EBIT (lucro operacional) fica distorcido, pois sua conta exclui os ganhos financeiros, que é, obviamente, de onde vem o grosso dos ganhos nesse setor.
Nesse caso, recomenda-se olhar os
múltiplos de P/L (preço sobre lucro), sob a ótica de preço, e ROE (lucro sobre
patrimônio) sob a ótica da rentabilidade da instituição, que excluem a parcela
de capital de terceiros. É interessante também dar uma olhada no nível de inadimplência
da instituição em relação aos seus pares, como forma de ver como ela se protege
do risco de crédito.
Setor de Concessão Pública (Utilities)
Segundo o próprio Greenblatt, empresas
desse setor por serem muito regulados pelas autoridades públicas, das esferas
federais, estaduais ou municipais, acabam não entrando no jogo capitalista de
oferta vs. demanda. Ao mesmo tempo em que encontram uma concorrência reduzida,
e, em muitos casos atuam em monopólio, seus retornos costumam ser regulados por
contratos e suas revisões. Resumindo: ganhos regulares, mas limitados.
Não estamos aqui fechando as portas
para o investimento nessas ações. Em alguns casos, por esse perfil de maior
previsibilidade e baixo custo operacional, pode-se encontrar boas pagadoras de
dividendos – as chamadas vacas leiteiras. Nesse caso vale mais uma análise
individual de cada empresa, principalmente das características de seus contratos.
Mas atenção: apesar de apresentarem
baixa volatilidade por longos períodos, o risco real desse setor é de
intervenção estatal nas regras do jogo, como vimos há alguns anos atrás no
setor de energia e nas concessões rodoviárias.
Conclusão
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Fala André. Qual "formula" voce recomenda usar nesses dois setores? Tenho um carinho especial pelo setor financeiro no Brasil, banco no Brasil é quase como um "ganho certo".
ResponderExcluirFala! O setor financeiro no Brasil realmente não pode ser ignorado pelos resultados consistentes que vem apresentando há anos. Para reconhecer boas ações neste setor, te indico usar o ROE e o P/L, apesar de não serem comparáveis com empresas de outros setores, funcionam bem na comparação entre as próprias instituições financeiras.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
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