“A
hora certa para tomar risco é quando os outros estão fugindo dele, não quando
estão dispostos a competir para tomá-lo.” Howard Marks
Mas então o que pensar? Será que a magic formula de Joel Greenblatt deu alguma pane e passou a funcionar ao contrário, indicando justamente as piores ações para compra?
Em primeiro lugar, calma, não tem nada errado. É isso mesmo.
Agora respire fundo e repare: esssas ações só passaram do posto de queridinhas do mercado ao de piores empresas do mundo após terem apresentado alguma queda significativa na Bolsa, quase nunca antes. Ou seja, só depois de terem caído bastante é que corretoras, consultorias e revistas correm atrás de alguma explicação plausível, analisando o que está havendo com determinada empresa. No fundo querem mostrar a seus clientes que tem total controle da situação.
Então, se você é um investidor de
longo prazo, meu conselho é: vá onde está mais escuro, onde há incertezas de
natureza micro e macro. Em última análise o investimento em ações mais rentável
caminha no sentido contrário ao da maioria: compre quando todos ao redor estão
vendendo (e, portanto, o preço está baixo) e venda quando todo mundo
está comprando (e preço é alto).
E estes casos, quando identificados, tornam-se, indiscutivelmente, os investimentos mais rentáveis. Para sustentar esta hipótese, apresentamos a seguir um caso real envolvendo uma companhia de qualidade indiscutível. Comparamos o desempenho da ação em bons e maus momentos em relação ao índice Bovespa, de forma a expurgar as tendências macro, analisando seu desempenho de forma isolada.
Caso
Real – Ambev
As ações da empresa estão hoje em patamar sete vezes superior àquele verificado no auge da descrença com a companhia.
Três fatores externos foram determinantes naquele ano para deteriorar o ânimo dos investidores com a companhia:
- Aprovação da “Lei Seca”, que previa absoluto rigor com motoristas dirigindo com nível alcoólico acima do permitido. Analistas na época discorreram sobre o potencial impacto negativo no tamanho do mercado. Mas, ao contrário, o consumo de cerveja cresceu 10% ao ano nos dois anos seguintes.
- Implementação de um aumento de 30% no IPI sobre as bebidas alcoólicas (exceto cerveja). O mercado passou a ter receio que a cerveja viesse a ser tributada de forma análoga, previsão que acabou não se confirmando.
- O mercado temia que a compra da belga Anheuser-Busch pudesse ser prejudicial aos minoritários, seja porque o preço pago teria sido alto demais, seja porque o caixa para a operação poderia ter origem em uma possível diluição dos acionistas – algo que tampouco se confirmou.A essa altura, muito poucos eram os bancos e corretoras que ainda indicavam a compra de ações da AMBEV a seus clientes.
Evite
os cenários róseos, o dinheiro está na incerteza
Não era difícil enxergar que a Ambev ainda era uma ótima empresa – o difícil era prever ao certo a sua recuperação. Ou seja, os investidores que acreditaram na superação de dificuldades momentâneas, tiveram um retorno espetacular.
Ao invés de reclamar do risco de se investir em uma empresa apontada pela magic formula, pense que ela é uma barganha justamente por causa da incerteza percebida pelo mercado. Se você conseguir encontrar maneiras de ir ao encontro do que a maioria despreza, enquanto a maioria está fugindo momentaneamente dessas empresas, encontrará joias onde outros veem escuridão e medo.
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